Arte e protesto pelo Ártico

Salve o Ártico

Greenpeace protesta no centro da capital paulista integrando mobilização global contra a exploração de petróleo no Ártico.

Manhã de sábado no centro da capital paulista. Um caricato milionário em cima de uma bomba de gasolina banha um urso polar com petróleo, em pleno Viaduto do Chá. Pode parecer cenário artístico e é isso mesmo. Ativistas do Greenpeace realizaram uma intervenção para mostrar que as ameaças ao Ártico são um problema global e suas consequências estão muito mais próximas do que se imagina.

A imagem foi realizada com a colaboração do artista Bonga, que confeccionou uma bomba de gasolina estilizada com referências à fauna do Ártico e à exploração de petróleo que tanto ameaça a região. Bonga e Feik, ambos grafiteiros, realizaram na mesma manhã a criação de um painel grafitado, enquanto Ursos “sem lar” completavam o cenário que chamou a atenção de quem passava por ali.

“O aquecimento global provoca o derretimento do gelo nos polos e vem desafiando a sobrevivência da fauna e de comunidades locais”, afirma Cristine Rosa, coordenadora da campanha de Clima e Energia. Nos últimos 30 anos, foram perdidas 75% das calotas de gelo flutuantes. Em um ciclo vicioso, a exploração de petróleo é uma das causas desse aquecimento e grandes corporações, como a Shell, tem interesse em explorar a região. Apesar de ter suspendido suas atividades na área esse ano, a empresa ainda possui planos para reiniciar as tentativas de exploração em 2014.

O navio quebra-gelo do Greenpeace, Arctic Sunrise, está no mar de Barents, ao norte da Rússia, também protestando contra a gigante petrolífera Rosneft. A estatal russa, maior empresa de petróleo do mundo, tem uma embarcação preparada para realizar testes sísmicos no local, primeira etapa para a exploração do óleo negro em alto mar.

Atividades como a realizada em São Paulo também aconteceram em outros países, mostrando que a mobilização possui caráter global: mais de três milhões de pessoas assinaram a petição Salve o Ártico, que pede a criação de um santuário na região, para que o ecossistema não possa mais ser explorado e seja destinado apenas para pesquisa, como é o caso da Antártida. O pedido estende-se também ao fim da pesca industrial e da exploração de petróleo no Polo Norte. Sendo essa última uma atividade de alto risco devido às condições climáticas severas, os derramamentos tornam-se ainda mais suscetíveis.
O ciclo da exploração de petróleo a qualquer custo pode ser parado por meio da alteração nas matrizes energéticas mundiais. O Greenpeace acredita em fontes alternativas de geração: as renováveis. As energias eólica, solar e dos mares possuem forte potencial de desenvolvimento, mas ainda faltam políticas públicas para que a transformação seja plena e eficiente.